Concursos públicos: salários máximos

Este será um post atípico, pois não será um técnico, como normalmente faço. Será um relato de uma observação sobre concursos públicos, junto com o depoimento de uma experiência.

Um pouco de histórico

Já falei neste post aqui qual é o requisito fundamental de um curso online. O requisito é o interesse. Não estou incluindo aqui os cursos presenciais, pois eles têm dinâmicas diferentes.

Pois bem, no começo, achei que era só comigo. O que eu estava fazendo de errado para que os alunos não terminassem os cursos. Aos poucos, vi algumas pessoas falando sobre isso.

O Murilo Gun fala sistematicamente sobre isso. No lugar de funil de vendas, ele fala do funil de transformação, no sentido de quantas pessoas realmente se transformam, finalizam o curso. Em geral, uma das vantagens que um curso online tem é a liberdade de poder fazê-lo remotamente e em horários alternativos. Essa também é uma desvantagem quando comparamos um curso online a um presencial. Este tem uma interação ao vivo entre alunos, professores, horários e local de estudo, elementos que ajudam a promover o interesse do aluno e, consequentemente, o aprendizado. Como falta este elemento nos cursos online, o interesse é muito mais disperso.

Entrevistando alunos e observando relatos de outros instrutores chegamos a uma conclusão. O problema é generalizado, não é só nos cursos que montamos.

É uma conclusão difícil de lidar para mim, pois sempre fui estudioso, interessado e esforçado. Um pouco consciente e um pouco inconscientemente, assumo esse reflexo quando preparo um curso. Erro nesse ponto. Como não se não bastasse pesquisar, estudar, montar o curso, gravar, regravar e editar várias vezes, tirar dúvidas, atualizar o conteúdo, é preciso também algumas coisas a mais. Uma delas é despertar o maior interesse possível no aluno. Por mais que o produto seja bom, a pessoa não sabe onde pode chegar com ele.

Para resolver esse problema, me deparei com uma situação que contarei abaixo.

Cargos públicos

Tenho referências marcantes na família e no círculo de amizades que seguiram ou estão em carreiras do serviço público. Eles estudaram, estudaram e estudaram. Depois, passaram nos cargos que queriam. A ideia já passou pela minha cabeça algumas vezes, mas sempre quis empreender. Criar inovações tecnológicas, games, projetos de TI, sem um cotidiano específico. A estabilidade, carga horária e remuneração sempre foram os grandes atrativos de um cargo público. No entanto, com a continuidade da crise econômica brasileira, esses diferenciais começaram a ficar totalmente desequilibrados nos últimos anos.

A conta é simples: a remuneração dos servidores públicos, bem ou mal, acompanhou a inflação. Eu diria, até, que bem, mas com certeza existem análises de que não é bem assim. Por exemplo, para um Perito Criminal Federal, em 2013, ano em que teve o penúltimo concurso, o vencimento era de aproximadamente R$13.000,00. Em 2018, ano do último concurso para esse cargo, o salário é de R$22.600,00.

Por outro lado, na iniciativa privada, o cenário foi totalmente diferente. Altos salários foram cortados para se colocar pessoas com remunerações menores. Conheço gerentes de SAP que ganhavam na casa de R$20.000,00 a R$30.000,00 há 5 anos atrás que hoje não só não ganham um valor corrigido pela inflação como, as vezes, recebem menos do que ganhavam anos atrás. A hora/homem de um programador ABAPE era de R$200,00 a R$250,00/hora. Hoje esse valor está muito abaixo para qualquer linguagem de programação. Quem ganha na cassa de R$20.000,00 a R$30.000,00 normalmente está em cargo de confiança, sem direito a horas extras e trabalha intensamente. Tem que estar disponível, muitas vezes, em finais de semana e feriado. Enquanto isso, o servidor público de um cargo igualmente de nível superior, disputado e bem qualificado, ganha isso trabalhando 40 horas semanais.

Área de TI

Tenho alguns amigos que mudaram de emprego recentemente. São programadores senior nas linguagens JS, PHP e C#. Fazem um pouco de tudo em desenvolvimento web e mobile. Normalmente, como PJ, ganham de R$8.000,00 a R$12.000,00 por mês. No momento, estão na casa de R$ 6.000,00 e tendo que mostrar muito serviço. É claro que existem exceções. Grandes empresas conseguem ainda pagar de R$8.000,00 a R$12.000,00 para muitos desenvolvedores plenos. Mas a grande parcela de programadores do mercado não está em grandes empresas. Por isso que tem tanta gente empreendendo. Atuar como programador freelancer pode fazer, por semana, um salário de um mês. Se um grande projeto próprio der certo então, a balança fica desproporcionar em relação a trabalhar como empregado.

Agora mudando a chave de novo, vejam um pouco da tabela abaixo. Todos os cargos públicos de TI com seus respectivos salários. A tabela completa está aqui.

Tabela de cargos e salários do site TI Concursos.

Área Jurídica

Para quem é formado em direito, as possibilidades também são fartas. Coloquei só as primeiras abaixo, mas neste link aqui tem 20 cargos listados com salário. Além disso, também existem os cargos que são para quem tem graduação em qualquer área de conhecimento. Por exemplo, qualquer pessoa que tenha terminado a faculdade pode, se passar no concurso público, exercer o cargo de agente da Polícia Federal. Não precisa de um diploma específico, basta ter um. Já para Perito Criminal precisa ter um diploma compatível com a área (são várias).

Informações obtidas do site Diligeiro.

Experiência

Dada essa primeira constatação, comecei a assistir alguns vídeos de cursinhos preparatórios para concursos públicos. Isso aconteceu em junho, data que tinha acabado de abrir o edital da Polícia Federal com 500 vagas para diferente cargos. Descobri que o último concurso para esses cargos mais de 100 mil pessoas se inscreveram. Comecei a perceber claramente um grande universo de pessoas que estudam, que consomem cursos online e para os quais não havíamos olhado ainda.

Muitas dessas pessoas, normalmente chamadas de concurseiros, estão empregadas e estudam à noite. Tem de sobra o que muitas não tem: interesse. Quem tem interesse, arranja tempo, redefine prioridades. Se passar para um cargo público for sua meta de verdade, é preciso de muito interesse, pois não é fácil.

Agora, vejam, para quem tem o interesse e estuda para valer, mesmo que não passe em um concurso a curto prazo, não deixará de investir naquele projeto mais importante. Em si mesmo. Ao se qualificar mais para passar em concursos públicos, você não deixa de usufruir desses conhecimentos e dos benefícios de tê-lo no dia a dia.

Assim, mesmo sabendo que as pessoas estudam anos para passar nesses cargos mais altos, me inscrevi para Perito Criminal Federal, área de TI, e acompanhei alguns cursinhos para ver qual era a dinâmica. O foco do curso, normalmente, é sobre os itens do edital. Para minha surpresa, a maioria, senão totalidade dos itens cobrados, são teóricos. Ou seja, aquilo que sobra nos nossos cursos, mas que, para o aluno que só quer replicar projeto, não tem muito valor.

Para os concurseiros tem um valor enorme.

Análise

Pesquise aí no Google Images por mapas mentais de Direito. Agora, procure por mapas mentais de TI. Hilário né. Como a área de direito está muito mais mastigada visualmente do que os conceitos de TI. Isso porque TI é muito mais recente quando comparado ao direito como ciência e área de estudo. Estudamos atualmente novidades que muitas vezes não tem nem 10 anos de vida.

Senti na pele isso, de como comprar um curso online quando o edital sai, para uma prova a ser realizada 2 meses depois, é uma tentativa pouco viável. Naturalmente, com o trabalho de cursos e projetos, mesmo estudando todos os dias, não consegui cobrir nem 50% do edital, principalmente para as matérias que não eram de TI. Meu objetivo era ter essa experiência de preparação e de fazer uma prova com 5 horas de duração. Foi muito enriquecedora como um todo e vou contar para vocês aos poucos em posts futuros. Mais que isso, farei também materiais didáticos para quem vive atrás desse objetivo. Não tem algo mais gratificante para o professor do que ver seus alunos interessados e exitosos nos conhecimentos que transmite. Por isso, queremos ajudar também na preparação de alunos para concursos públicos.

A partir de agora, os cursos da Universidade da Tecnologia vão olhar também para os conhecimentos necessários para se passar nos principais concursos públicos.

A primeira atividade será montar uma edital mestre, uma grade disciplinas de cada área de conhecimento cobrada, separando os itens para cada cargo. Cenas do próximo capítulo a conferir aqui, no nosso blog!

Sobre o Autor

Leandro Pinho Monteiro

Leandro Pinho é engenheiro de computação, graduado em Ciência da Computação na Universidade Estadual de Maringá (UEM) e mestre em Engenharia da Computação na Faculdade de Engenharia Elétrica e Computação (FEEC) da UNICAMP, ambas formações com foco em Computação Gráfica. Possui experiência no desenvolvimento de sistemas interativos 3D para pontos de venda, marketing e eventos. Atualmente trabalha como consultor de tecnologia e é o responsável pela coordenação dos cursos oferecidos na Universidade da Tecnologia.