Dados vs Informações digitais

Você sabe o que são dados digitais? É equivalente ao termo informações digitais? E dados estruturados e não-estruturados? Sabe dar exemplos? Este artigo, Dados vs Informações, discute as definições, semelhanças e diferenças entre esses termos e conceitos.

Diferença entre Dado e Informação

No primeiro episódio da primeira temporada (s1e01) vimos as semelhanças e diferenças entre os termos Informática e Tecnologia da Informação. Em ambas definições, um elemento central apareceu: a informação. Como o primeiro artigo possui um contexto mais macro, tratamos dados digitais como sinônimo de informações digitais, mas olhando especificamente para os termos, eles possuem diferenças.

Valor Literal

Vamos começar com as semelhanças. Você sabe o que é um valor literal? É um valor isolado, seja ele numérico, textual ou alfanumérico (letras, símbolos e números). Listarei alguns exemplos de valores literais entre aspas e o que significam após um símbolo hífen (-).

  1. “A” – uma letra ou um caractere.
  2. “56” – um número
  3. “meu papel hoje será” – um texto
  4. “Leandro” – um texto
  5. “-62,13” – um número

Valores literais podem ser encarados como dados brutos.

Um formulário de cadastro, por exemplo, reúne vários campos que o usuário preencherá com dados brutos: nome, idade, e-mail, endereço, telefone etc. Depois que os dados forem cadastrados, eles serão armazenados de forma inter-relacionada, e assim os dados brutos transformam-se em dados processados. Por exemplo, informações de uma pessoa.

Quando os dados são processados, relacionados/agrupado ou interpretados, adicionando-se sobre eles contexto e importância, eles passam a representar informações.

A palavra Leandro para os computadores é apenas uma sequência de letras quando interpretada como dado bruto, mas é um nome quando considerada como informação ou dado processado.

Assim, dados e informações são semelhantes quando queremos comunicar valores que trafegam em um canal de comunicação ou que estão armazenados em um dispositivo. Por exemplo, na frase: “meu HD queimou e perdi todos os dados que estavam nele”. Se o termo dados fosse substituído por informações teria o mesmo significado.

Porém, são diferentes quando queremos falar de diferentes estágios da obtenção e interpretação de dados. “Consegui recuperar vários dados brutos, mas não todas as informações”.

Vamos entender melhor isso a seguir.

Dado

O termo no singular ou no plural de forma isolada pode deixar dúvidas, por isso prefiro escrever inicialmente dados digitais para deixar bem claro que não estou falando em dados usados em games. Esse dado, em inglês, chama-se dice.

 

O outro dado, do qual estou falando, em inglês, chama-se data (não confundir com data em português que, em inglês, é date).

O dado representa a menor partícula de uma informação, assim como um átomo representa a menor partícula de uma matéria. Portanto, como dito acima, um dado pode ser simplesmente um caractere, um texto, um número ou uma combinação de ambos, mas pode ser mais do que isso também.

Pense um aplicativo de conversa como o Whats App. Quais tipos de dados você pode enviar para um destinatário?

  • Um texto com ou sem símbolos (emojis)
  • Um áudio
  • Uma foto tirada na hora
  • Uma imagem da galeria (que pode ser um gráfico, uma ilustração ou mesmo uma foto)
  • Um vídeo (feito na hora ou armazenado)
  • Sua localização
  • Um contato
  • Um arquivo

Todos são exemplos de dados, por isso eles podem ser simples valores literais ou agrupados em arquivos (de imagem, de vídeo, de áudio etc).

Informação

Até aqui, você já entendeu o fluxo: Dados -> Processamento -> Informações, mas será que o simples processamento de dados caracteriza uma informação?

Agora vamos pensar nesses mesmo exemplos da última seção como informações.

Se você receber um texto como “xk!f@f#” fará algum sentido? Obviamente não, pois veio apenas texto sem sentido. Mas o dado foi processado, no sentido de ser convertido em formato adequado para trafegar de um dispositivo para o outro.

Agora, se vier uma mensagem como “cheguei e estou lhe esperando aqui na frente do seu trabalho”? Aí é uma informação, pois é um dado textual provido de sentido, no caso, de comunicar uma mensagem em português ao destinatário.

O mesmo raciocínio pode ser feito nos demais itens. De um áudio cheio de ruídos ou sem som não se extrai informação. Um foto totalmente borrada e desfocada também não. O oposto das situações é claramente uma informação e assim por diante com os outros tipos de dados citados.

Dessa forma, em algumas situações, os dados podem ser processados, e mesmo assim não resultarem em informações. Em outras situações, o processamento faz toda diferença. Um código de barra é um número e, portanto, um dado bruto. Quando ele é adotado como forma de controle de produtos, como em um supermercado, ele representa uma informação: o produto. Caso não exista nenhum produto associado ao código, ainda assim ele representa um significado: “produto não cadastrado”.

Portanto informação requer um processamento ou uma interpretação (ou análise) de dados brutos. No caso do código de barra, é um processamento de fato, uma consulta ao banco de dados com a entrada sendo o código cuja saída são os dados do produto. No caso dos dados do Whats App, os dados dependem de interpretação e análise para serem informações.

 

Conclusão – Dados versus Informações

No dia a dia, se você não trabalha especificamente com dados, assim como no Episódio 1 (Informática vs Tecnologia da Informação) da Grade Mestre, ninguém vai lhe cobrar essa diferença entre Dados vs Informações.

Se você trabalha com isso ou pensa em trabalhar, como ser Cientista de Dados ou trabalhar nas áreas de Mineração de dados, Business Inteligence Machine Learning e outras áreas ascendentes, saber essa informação é importante. Essa diferença é, na verdade, só o começo, pois subindo na escala de transformação temos ainda o conhecimento e a inteligência (ou sabedoria).

Por fim, se você não trabalha com isso e nem pensa em trabalhar, mas o assunto será cobrado em uma prova de concurso que você irá prestar, você também precisa saber essa diferença como as demais que comentarei a seguir.

Conhecimento e Inteligência

Achou que a brincadeira acabava em informação? Não, podemos subir na pirâmide de evolução se adicionarmos contexto às informações.

Os dados correspondem ao nível mais baixo, depois de processados ou interpretados temos a informação e, então, quando ela é contextualizada, chegamos no conhecimento. Outras características também mudam conforme subimos a pirâmide abaixo. Os dados são fáceis de serem estruturados e coletados por equipamentos, de forma que são normalmente explícitos, quantificados e transferíveis. As informações requerem uma estruturação mais complexa, pois são dados com significados e agrupados. Já os conhecimentos são implícitos, de difícil estruturação e transmissão.

Portanto, conhecimento é uma informação contextualizada, mas normalmente também corresponde a uma informação relevante e valiosa. Existe ainda mais um nível, quando o conhecimento é transformado em inteligência pelo processo do aprendizado ou aplicação e avaliação dos conhecimentos,  servindo como importante ferramenta para tomada de decisões. Não nos cabe aqui aprofundarmos esse tema, mas voltaremos nele na temporada de Banco de Dados.

O que fazer com esses conhecimentos (3 propósitos)

Mercado:

Vou reforçar aqui uma informação: áreas e cargos que trabalham diretamente (afinal, indiretamente, todas as áreas de TI atuam) com a manipulação dos dados nessa pirâmide evolutiva de inteligência estão em alta. Assim, investir no estudo dessa área é um movimento estratégico e aconselhável para os próximos anos. Vou dar alguns argumentos para você refletir sobre essa afirmação.

  • O volume de dados gerados por usuários nunca foi tão grande
  • O volume de dados não estruturados (veja próxima episódio) vem crescendo muito nos últimos anos
  • O cruzamento de informações deixadas em redes sociais personaliza ofertas e visualizações
  • O avanço da Internet das Coisas permite o cruzamento das informações com automações residenciais

Agora, vou listar as áreas ou cargos em alta:

  1. Cientista de Dados, Mineração de dados (Data Mining), Business Intelligence e Big Data
  2. Inteligência Artificial e Machine Learning
  3. Detecção facial e reconhecimento de padrões

Negócios:

Segue a lógica do mercado. Se for criar um negócio de TI nessa área, dê preferência para essas áreas que listei que serão cada vez mais demandadas.

Para ter sucesso, naturalmente é preciso ter contatos e um comercial forte, mas é uma área que permite projetos pilotos com clientes para mostrar o quanto os indicadores da empresa podem melhorar, tornando a venda mais fácil.

Concurso:

Considere este artigo apenas uma introdução e siga avançado no tema. As questões, em concursos avançados, caem desde dados até o conceito de inteligência, portanto os conhecimentos deste post precisam ser complementados para você ter condições de acertar as questões mais difíceis.

Dados estruturados e não estruturados

É uma classificação dos dados e foi tema da prova de concurso público para Perito Criminal Federal em 2018. Quer entendê-la? Só ir para o próximo episódio.

Ficha Técnica

Série: Grade Mestre de Ciência da Computação, Temporada 1, Episódio 2.

Área: Tecnologia da Informação

Matéria (disciplina) da grade mestre: 1. Fundamentos de TI

Tópico: 1.1 Informática, TI, Dados, Hardware e Software

Checkpoint: (B) Dados vs Informações digitais

Vídeo: aqui

 

Sobre o Autor

Leandro Pinho Monteiro

Leandro Pinho é engenheiro de computação, graduado em Ciência da Computação na Universidade Estadual de Maringá (UEM) e mestre em Engenharia da Computação na Faculdade de Engenharia Elétrica e Computação (FEEC) da UNICAMP, ambas formações com foco em Computação Gráfica. Possui experiência no desenvolvimento de sistemas interativos 3D para pontos de venda, marketing e eventos. Atualmente trabalha como consultor de tecnologia e é o responsável pela coordenação dos cursos oferecidos na Universidade da Tecnologia.