ICMS-SC – análise de edital para cargo de TI

Você sabe o que cai na prova de um Auditor Fiscal Estadual, área de TI? Analisamos o edital do concurso público ICMS-SC neste post.

ICMS-SC

Análise do edital para Auditor-Fiscal da Receita Estadual-Nível I/Tecnologia da Informação

O primeiro ponto a ressaltar é que o concurso oferece 90 vagas para 3 diferentes cargos. Todos eles são para Auditor-Fiscal, contudo, cada cargo possui uma área de conhecimento, conforme a tabela abaixo.ICMS-SC

Assim, neste post, o foco da análise é o cargo C03, que é de Tecnologia da Informação. O edital do concurso, cujas inscrições se encerram em 10/10/2018, pode ser visualizado em http://www.concursosfcc.com.br/concursos/sefsc118/. O salário (inicial) é de R$ 22.853,33 (vinte e dois mil, oitocentos e cinquenta e três reais e trinta e três centavos).

Conhecimentos específicos de TI

A lista de conhecimentos específicos do edital não é dividida por temas, de forma que todos os tópicos são listados sequencialmente. A imagem abaixo mostra a lista na íntegra.

ICMS-SC

 

Os conhecimentos do cargo Auditor-Fiscal da Receita Estadual/TI serão objetos de 60 questões. A importância de uma boa estratégia de estudo já começa na percepção de que alguns dos temas relacionados ao edital estão embaralhados quanto a ordem natural de estudo. Por exemplo, o edital começa com Programação e lógica em C#, algo dependente da linguagem C#, mas no terceiro item cobra Algoritmos, que é um tema, conceitualmente, preliminar ao primeiro, pois independe de uma linguagem específica. Outros temas, como Banco de Dados e Redes de Computadores, apresentam sequências que sugerem estar em ordem. Para quem acompanhou o post sobre o edital de Perito Criminal Federal, área de TI, em que os tópicos foram agrupados em 8 temas, este edital de TI para ICMS-SC parece mais confuso em uma primeira impressão. O fato é que ele é exige conhecimentos mais específicos (Ex.: C# e Oracle).

Vamos, portanto, mastigar o edital para deixá-lo o mais agradável possível quanto a ordem dos conhecimentos cobrados.

Subáreas de TI – ICMS-SC/2018

Ao todo, temos 51 itens no edital. Para cada item atribuí uma subárea dentro do universo de TI, de modo a buscarmos uma divisão de tópicos (item) por tema (subárea).

Assim, para agrupar os tópicos, cheguei nas seguintes subáreas:

  1. Desenvolvimento de Software
  2. Engenharia de Software
  3. Banco de Dados
  4. Segurança da Informação
  5. Redes de Computadores
  6. Sistemas Operacionais

Os tópicos constam nessa mesma ordem em que enumerei os temas, exceto um ou outro caso que realoquei para fazer mais sentido. Por exemplo, incluí o último tópico, Fundamentos de DevOps, em Engenharia de Software e não em Sistemas Operacionais. Imagine agora que, de 60 questões, com 6 temas identificados, uma distribuição natural seria a de 10 perguntas por tema.

Não há garantias sobre essa consideração, mas chamo atenção que ela faz sentido. Fazendo sempre o paralelo para o concurso de Perito Criminal Federal, da banca CESPE, ela cobrou todos os tópicos do edital de forma bem distribuída. Apesar de algumas áreas possuíram mais ou menos questões que outras, a banca não deixou de cobrar nada. Acredito que a banca FCC também seguirá esse padrão, pois existem várias semelhanças entre os editais e forma de cobrar esses assuntos em provas anteriores.

Importante destacar também que se trata de uma área relativamente nova para Auditor-Fiscal, de forma que não existem muitas questões anteriores específicas para esse cargo.

1. Desenvolvimento de Software

Nesta subárea temos todos os tópicos relacionados à codificação em uma linguagem de programação, mas sem esquecer seus conceitos que independem de uma linguagem específica. Portanto, temos, ajustando e sugerindo uma ordem mais natural em relação ao edital, os seguintes assuntos:

  1. Algoritmos
  2. Estruturas de dados (lista, fila, set, mapa, árvore)
  3. Orientação a objetos: conceitos fundamentais, princípios, análise e projeto orientado a objetos.
  4. Programação e lógica de programação em C#
  5. Microsoft .NET Framework
  6. Programação em C# e Asp.NET
  7. Programação estruturada: princípios, análise e projeto
  8. Programação funcional: conceitos fundamentais e princípios
  9. Programação Web: conceitos fundamentais, persistência, camadas e design patterns
  10. Desenvolvimento para web com JavaScript, HTML5 e CSS3
  11. Web services usando REST, SOAP e WebApi: conceitos fundamentais e princípios
  12. Refactoring

Analisando esses 12 tópicos é notório que existem linguagens bem definidas que serão cobradas. Por exemplo, para Perito Criminal Federal, área TI, as linguagens Python e R foram cobradas, além de pseudocódigo.

Para ICMS-SC, a linguagem C# aparece, inicialmente, em 3 de 12 itens. Considerando o uso do C# junto com o framework .NET, como acontece no Visual Studio e na Unity 3D, o ambiente de desenvolvimento C# reúne 4 de 12 itens. Agora, pense que, com o estudo de C#, é natural que se aprenda sobre algoritmos e estruturas de dados. Somado ao fato de que, com C#, além da programação orientada a objetos (POO), é possível também utilizar programação estruturada ou funcional, o estudo completo da linguagem garante mais de 65 % dos itens dessa subárea.

Além de C#, JavaScript é outra linguagem de programação cobrada. HTML e CSS não são linguagens de programação, mas exigem bastante estudo para dominar seus principais detalhes e características. Ao estudar o desenvolvimento web, os itens 9, 10 e 11 são cobertos. O tópico 12 é um tópico curto (conceitos e principais técnicas).

2. Engenharia de Software

Novamente, vou sugerir uma ordem mais natural de aprendizado para cobertura dos temas:

  1. Especificação de Requisitos de Software: Conceitos de Requisitos
  2. Requisitos Funcionais e não Funcionais.
  3. Técnicas de elicitação de requisitos
  4. Gerenciamento de requisitos
  5. Especificação de requisitos
  6. Técnicas de validação de requisitos
  7. Teste de software: testes unitários, testes de módulos, de integração.
  8. Test Driven Development (TDD): conceitos fundamentais e princípios.
  9. Fundamentos de DevOps
  10. Integração contínua
  11. Controle de versões: conceitos

Dos 11 itens, 6 envolvem requisitos de software, que é um dos temas da subárea Engenharia de Software. Assim, é possível focar nesse tema sem cobrir todos os tópicos de Engenharia de Software. Um outro tópico dessa subárea que merece atenção é a parte de testes de software, representada pelos tópicos 7 e 8. Os tópicos seguintes são mais específicos, sendo que o último pode ser bem coberto caso, além dos conceitos teóricos, você instale um software gerenciador de versões e use-o durante um período. É algo simples de ser feito e que garantirá uma ótima curva de aprendizado.

3. Banco de Dados

  1. Banco de Dados: Projeto de banco de dados para ambiente relacional, Modelo Entidade-Relacionamento (MER).
  2. Conhecimento aprofundado em Banco de Dados Oracle 12c e 11g.
  3. Programação em PL/SQL (dialeto SQL suportado pelo Banco de Dados Oracle): Data Manipulation Language (DML) e Data Description Language (DDL).
  4. Acesso à dados, deadlock e performance de Banco de Dados Oracle.
  5. Otimização de queries em Banco de Dados Oracle.
  6. Estruturação de código em Banco de Dados Oracle: Procedimentos, funções, triggers, views, pacotes.
  7. Segurança aplicada a Bancos de Dados Oracle. Ciência de dados: Conceitos e estratégias de implantação de Data Warehouse, OLAP, Data Mining, ETL e Business Intelligence.
  8. Tecnologias de big data: conceitos fundamentais, princípios.

Apesar do menor número absoluto de tópicos, cada um deles é bem recheado de descritivos técnicos. Outro ponto é que, assim como na subárea de desenvolvimento em relação à linguagem, existe claramente um banco de dados específico que precisa ser estudado: Oracle. No total, 6 dos 8 itens possuem Oracle em sua descrição. Apenas o primeiro e o último item, que são temas mais teóricos e conceituais, não são sobre Oracle.

A princípio, até aqui, tudo leva a crer que um Auditor-Fiscal da área de TI vai trabalhar bastante com a linguagem C#, framework .NET, ASP.NET, desenvolvimento web e banco de dados Oracle, mas posso estar equivocado no sentido desses tópicos serem cobrados sem um vínculo mais direto com as funções que são desempenhadas internamente na área de TI.

4. Segurança da Informação

  1. Segurança da informação: Confidencialidade, integridade, disponibilidade, autenticidade e não repúdio.
  2. Certificados digitais.
  3. Conceitos de segurança da informação: classificação da informação, segurança física e segurança lógica.
  4. Segurança de aplicações web: autenticação de usuários e senhas, uso de tokens.
  5. Técnicas de ataque e defesa em servidores Web.
  6. Segurança na Internet: conceitos básicos de VPN e segurança de servidores WWW, FTP e DNS.
  7. Criptografia e certificação digital.
  8. Noções de Criptografia, Assinatura Digital, Certificação Digital, Funções Hash e Autenticação.
  9. Sistemas criptográficos simétricos e assimétricos

Essa é uma subárea que tem crescido muito nos últimos anos e, consequentemente, também está sendo muito cobrada em concursos. Para o cargo de Perito Criminal Federal ela é bem cobrada.

Os primeiros 3 itens são tópicos teóricos e tranquilos. O item 4 também é tranquilo, mas exige o aprendizado de conhecimentos mais técnicos. O item 5 é amplo e exigirá pesquisa de atualidades, além dos conhecimentos já consolidados na literatura do assunto.

O item 7 poderia ser classificado na subárea abaixo, Redes de Computador, mas entrou aqui pela palavra inicial Segurança, relacionado ao VPN. É um item grande, mas não tão grande assim. Considero seu estudo tranquilo também.

Por fim, 30% dessa subárea envolve criptografia. Pensando que o nível mais profundo é cobrar como são os algoritmos de criptografia e, o nível mais superficial, cobrar conceitos básicos, esse item talvez seja o mais difícil para quem tem dificuldade na parte de algoritmos. Para a prova de Perito Criminal Federal achei que esse assunto fosse ser cobrado de forma mais profunda pela natureza do cargo, mas não foi. No ICMS-SC, também acredito que não será.

5. Redes de Computadores

  1. Infraestrutura de rede e servidores.
  2. Redes de computadores.
  3. Arquitetura e protocolos de redes de comunicação: modelo de referência OSI e arquitetura TCP/IP v4 e v6.
  4. Cabeamento estruturado.
  5. Redes Wi-Fi. Protocolos HTTP, HTTPS, TCP, UDP, IP.
  6. Elementos de interconexão de redes de computadores (hubs, bridges, switches, roteadores, gateways). Servidores Web e servidores proxy.
  7. Domínios, servidores DNS e entidades de registros.

A sub-área de Redes de Computadores e Infra-estrutura em geral é enorme. Para provas da banca CESPE, quando existem os tópicos: “Redes de Computadores” e “Protocolos de comunicação” implica em ser preciso ler 2 livros de mais de 700 páginas. Acredito que para a FCC não será diferente, por isso é preciso separar um bom tempo para estudar essa sub-área.

Analisando tópico a tópico, acredito que os 2 primeiros poderiam ser um só. Eles são, na verdade, os nomes das sub-áreas. O tópico 3 entra tudo o que comentei, os diversos protocolos existentes. O nível de profundidade varia desde perguntar o que é e para que serve tal protocolo até saber o nome e tamanho de cada campo do cabeçalho do protocolo. Tópico 4 traz bastante teoria com atenção aos nomes convencionados, mas é tranquilo para estudar.

O tópico 5 entra no estudo dos protocolos que citei no item 3, bem como o item 7. Estão na conta da leitura dos 2 livros (Tanenbaum e Stallings). Por fim, o item 6 também é visto no começo do estudo dos tópicos 1 e 2.

6. Sistemas Operacionais

  1. Servidores Windows (versões 2012 e 2016) e Linux (CentOS versão 6 ou superior).
  2. Interoperabilidade.
  3. Cloud Computing
  4. Virtualização: conceitos básicos, noções de administração, configuração e segurança de sistemas de virtualização.

É, de longe, o tema que tem menos tópicos. Na verdade, a inclusão de Cloud Computing em Sistemas Operacionais é discutível também. Em Cloud Computing, ou Computação em Nuvem,  existem as classificações de IaaS (Infrastructure as a Service), PaaS (Plataform as a Service) e SaaS (Software as a Service). Ao pensar nas classificações como os serviços que elas provêm, a primeira está relacionada à infra-estrutura, portanto hardware e redes de computadores. A segunda, aos sistemas operacionais e, a última, aos softwares feitos para rodar sobre sistemas operacionais. Assim, não teria nenhum prejuízo classificar Cloud Computing como Infra-estrutura (que aqui no edital está dentro de Redes de Computadores) ou como Desenvolvimento de Software (no caso, é um tipo de software, uma categoria).

O primeiro tópico é bem específico e isso é ótimo por um lado, por saber exatamente o que estudar, mas por outro, obriga a saber as aplicações de conceitos na prática. Quando essa prática não faz parte do seu dia a dia, isso é muito mais difícil de pegar. Assim, para preparar seu ambiente de aprendizado, com equipamentos que possuam esses sistemas operacionais instalados, um bom tempo será dispensado. Uma forma de instalar diversos sistemas operacionais em uma mesma máquina é usando a Virtualização. Portanto, como dica, se você montar uma máquina e instalar um software de virtualização que permita rodar diferentes sistemas na mesma máquina, o tópico 4 será coberto, na prática, por tabela.

O tópico 2 é amplo, pois isso acredito que será cobrada apenas teoria e conceitos sobre ele.

E aí, tranquilo?

Achou fácil até aqui? Eu achei muito difícil absorver tudo isso para mandar bem em 60 questões, mas veja só, para passar na prova é preciso de muito mais.

Serão 3 provas: P1, P2 e P3, realizadas em turnos diferentes. A prova P1 é no sábado de tarde, P2 no domingo de manhã e P3 no domingo de tarde. Todas elas são provas objetivas, ou seja, possuem questões de múltipla escolha, sem nenhuma questão dissertativa.

A primeira prova, P1, possui 100 questões de conhecimentos gerais, que são cobrados para todos os cargos. A duração da prova é de 5 horas e o peso é 1.

Em seguida, P2, mais 80 questões para todos os cargos. A duração da prova é de 4 horas e o peso é 2.

Por fim, a prova P3 tem as últimas 80 questões, estas específicas de acordo com o cargo. Aqui entram as 60 de TI e mais as 20 questões de legislação específica, as quais considero complicadas pelo fato de não existirem materiais didáticos nem muitas questões sobre os temas. A duração da prova é de 4 horas e o peso é 3.

No total, 260 questões em menos de 30 horas. Um belo exercício para o cérebro.

Para fechar este post, deixarei abaixo os outros tópicos que são cobrados nas provas P1 e P2. Para um guia de estudo desta parte, sugiro a leitura deste excelente artigo.

Prova P1 – ICMS-SC/2018ICMS-SCProva P2 – ICMS-SC/2018ICMS-SCProva P3 – ICMS-SC/2018

ICMS-SC

 

Sobre o Autor

Leandro Pinho Monteiro

Leandro Pinho é engenheiro de computação, graduado em Ciência da Computação na Universidade Estadual de Maringá (UEM) e mestre em Engenharia da Computação na Faculdade de Engenharia Elétrica e Computação (FEEC) da UNICAMP, ambas formações com foco em Computação Gráfica. Possui experiência no desenvolvimento de sistemas interativos 3D para pontos de venda, marketing e eventos. Atualmente trabalha como consultor de tecnologia e é o responsável pela coordenação dos cursos oferecidos na Universidade da Tecnologia.