Opinião Aquaman 2018

Hã? Como assim? O que uma opinião sobre Aquaman está fazendo no blog da UTec? Explicarei no parágrafo abaixo.

Durante o curso Skill level 1: C#, desenvolvemos um portal chamado BDCD (Banco de Dados de Conteúdos Digitais). O projeto possui como inspiração o portal IMDB, mas contempla algumas diferenças que permitem ao internauta encontrar um perfil de opiniões compatível com o seu. De nada adianta você ver lá que um filme é nota 9 e, quando vai ver, acha ruim. O objetivo é você achar um perfil de opinião sobre um filme que já viu e que combine com o seu. Então, partir de perfis compatíveis, descobrir boas indicações de filmes para você.

Para tornar a ideia possível, precisamos de algum volume de avaliações. Assim, nós mesmos faremos as primeiras avaliações de acordo com os quesitos explicados aqui.

O filme escolhido para iniciar nossa base é Aquaman 2018.

Opinião Aquaman 2018

Opinião Aquaman 2018 (sem spoilers no começo, com no final)

Antes, itens a serem relevados:

  • Assisti ao filme legendado e em 3D antes de ontem, 15/12/18, no Cinemark XD.
  • Fui com a expectativa de ver, eventualmente, o melhor filme da DC. Tenho noção que essa expectativa influenciou minha análise.

Resumo

Começarei pelo resumo: “gostei, mas esperava muito mais”. Quase beirou o “não gostei”. Vi o filme com mais 2 adultos que “não gostaram”.

As produções de filmes de ação evoluíram tanto que, hoje, é preciso entregar muito mais para não se chegar a um produto final que mais parece uma sessão da tarde turbinada com efeitos especiais para agradar a maioria das pessoas.

Os cenários do mundo submerso criados por computação gráfica são incríveis, assim como os efeitos especiais de cenas de ação. Some a esses elementos o carisma, a ascensão e o apelo ao estilo moderno das tatuagens e músculos marcados do ator Jason Momoa (Kal Drogbo do Game of Thrones, primeira temporada) e já teremos, sem sombra de dúvidas, um filme recorde de bilheteria. Mas o filme para ser bom não pode ser só isso, concorda?

Com um enredo clichê e previsível, sobram poucas dúvidas de como o protagonista resolverá o conflito da trama. Para quem viu o trailer estendido (de 5 minutos), a sensação de saber, ou desconfiar, do que acontecerá, é constante.

Para quem é fã da DC, o filme é uma adaptação do longa animado: Trono de Atlântida, lançado em 2015.  A principal adaptação é a ausência da Liga da Justiça, mas o enredo central é muito parecido.

O filme vale pelo entretenimento, em especial se visto no cinema, muito pelo áudio-visual caprichadíssimo, mas está longe de ser um filme inteligente ou surpreendente. A duração do filme incomoda, pois você não se sente envolvido em várias cenas do filme e sente o tempo passar. Apesar de várias cenas de ação serem feitas para tirar o fôlego, a previsibilidade impede que isso aconteça.

Classificação sobre Aquaman 2018

  • Entretenimento: 7.0

Vários momentos no filme cumprem a função de entreter, por isso ele cumpre seu objetivo principal. A duração é muito longa, mais do que deveria, mas isso não chega a comprometer o resultado do quesito.

  • Inteligência: 5.0

A adaptação da animação de 2015 para o filme foi boa. Conseguiu adaptar bem o fato de não ter a Liga da Justiça e melhorar alguns pontos em relação à animação.

Existe uma sacada ambiental sobre o lixo dos humanos nos oceanos e algumas lições de moral do Aquaman.  Como esta parte não pode conter spoilers, simplesmente vou comentar da forma mais macro possível. Uma é sobre o pai do Arraia Negra e outra é sobre aceitar a liderança de Mera dentro de sua rebeldia e falta de visão em ser peça chave para salvar o planeta. A segunda dá para sacar só assistindo ao trailer, que mostra Arthur, antes de se tornar o Aquaman, embarcando na aventura com Mera mesmo contrariado.

Fora isso, filme de sustos, mas com trama previsível, sem surpresas ou fatos para serem pensados, por isso a nota mais baixa entre os três quesitos.

  • Áudio-visual: 8.0

O mundo aquático e as cenas de ação e efeitos especiais, criadas com computadores, são todas bem feitas, assim como maquiagens, animais, vestimentos e trilha sonora. O efeito 3D, que gera sensação de profundidade, é apenas bom (poderia ser melhor).

Adaptação do Trono de Atlântida (animação 2015)

Quer saber o que é igual e o que é diferente entre Trono de Atlântida, animação de 2015, e Aquaman 2018? Só ver o comparativo aqui.

Pontos altos Aquaman 2018 (a partir daqui, contém spoilers)

1) Repaginada no herói.

Saiu aquele esteriótipo do loiro, bonzinho, estudioso, quase um escoteiro como o Superman (assim definido pelo Batman).

Entrou um novo, moreno, barbudo e bad boy. Entrou também, por tabela, desatenção, desapego e certa ignorância que compõe o personagem quanto aos assuntos mais inteligentes. A rara, para não falar única exceção, é quando ele descobre como usar a garrafa para localizar a posição do tridente, mostrando conhecimentos de história aprendidos com seu pai.

As imagens a seguir mostram a mudanças visuais no personagem ao longo do tempo. A primeira imagem, da esquerda, é de 1989, sendo a capa do primeiro HQ do herói.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

2) Áudio-visual acima da média.

O filme se passa praticamente metade debaixo da água. Criar um mundo submerso com essa riqueza de detalhes é uma tarefa dificílima computacionalmente e isso é muito bem feito no filme.

As cenas de ação, com vários impulsos dentro de água e golpes com tridentes, além do uso de magias por parte da princesa Mera, são empolgantes. Contudo, a cena de ação mais caprichada na minha opinião aconteceu logo no começo, com a luta da rainha Atlanta contra os soldados.

3) Atlântida, um novo reino inserido na cronologia de filmes da DC

Esse filme tem o efeito similar ao que o Pantera Negra de 2018 fez para a Marvel: inseriu um novo reino na cronologia de filmes da DC.

Na Marvel, Wakanda foi inserida no Pantera Negra para depois ser um dos ambientes em que passa Vingadores 3.

Em Aquaman, Atlântida foi inserida, assim como Temiscira foi em Mulher Maravilha (2017).

Esse fato abre um grande precedente para termos um filme adaptado da animação Flashpoint Paradox (no Brasil, Ponto de Ignição), em que ocorre uma guerra entre Atlântida e Temiscira. Será que vai rolar mesmo? Essa animação é uma das melhores de todos os tempos da DC e da história das animações de heróis. Apesar de contrapor Aquaman e Mulher Maravilha, o personagem central é o Flash, com o (pai do) Batman e Cyborg como coadjuvantes.

4) Vai rolar Aquaman 2 com Arraia Negra

A cena pós-créditos mostra que o Arraia está vivo e tudo indica que será o inimigo em uma continuação Aquaman 2. 

Ele é um inimigo clássico e, apesar de eu achar que ele teria potencial para uma participação maior, ou mesmo já ter iniciado do lado de Orm como na animação, é merecido e justo criar um filme para que ele protagonize o papel de principal vilão.

Pontos baixos Aquaman 2018

1) Previsibilidade I.

Diversos acontecimentos da trama foram previsíveis.

O primeira é que o Arthur irá ajudar Mera.

Eles se despedem do primeiro encontro, daí vem uma cena de tsunami com vários efeitos especiais em que ele quase perde o pai e ela ajuda. Pronto, ele decide ajudar. 

O segunda é quando você descobre que Willem Dafoe (ator do Duende Verde) é quem treinou Arthur e quem escondeu e revelou a história por trás de sua mãe.

Alguém achou que ele não seria descoberto por Orm? E claro, Orm manda prendê-lo, tal qual todos os vilões, abrindo aquela brecha de “quero que você veja”, que é repetida bem no fim pelo outro lado.

O terceiro é que ele encontrará o tridente quase como uma anunciação de uma aventura.

Quando Vulkon conta a eles da peça e da história, você já sabe tudo o que vai acontecer. No fim, quando existe um obstáculo guardando o tridente (Karethen), pouco importa como ele vai vencê-lo. Você já sabe que vai.

O quarto é que a mãe dele está viva e ajuda na trama, no final.

O quinto: o golpe giratório com o tridente usado na luta final e ensinado por Vulkon.

No filme existem duas lendas: tridente de Atlan, o primeiro rei, e Karethen, o monstro guardião do tridente. Você percebe que elas existem e espera pelos seus acontecimentos desde cedo.

Pitadas de imprevisibilidade: quando Arthur é capturado e, depois, como ele é salvo por Mera.

Embora, quando ela fala que passar por cima não é uma opção por causa dos hidro-canhões, você já tem certeza que isso será feito por alguém.

O fato de Orm, bem como sua mãe, não morrerem também podem ser considerados imprevisíveis (na animação de 2015 Orm não morre no final, mas mata sua mãe no meio do filme).

2) Várias cenas de ação deixaram a desejar

O filme é repleto de cenas de ação:

2.1 Atlanta vs soldados de Atlântida.

2.2 Piratas vs tripulantes do submarino

2.3 Aquaman vs piratas

2.4 Aquaman vs personagem do Arraia Negra e seu pai.

2.5 Submarino controlado pelo Arraia vs Reunião dos reis do mundo submerso

2.6 Mera ajudando o pai do Aquaman durante Tsunami intenção (aviso)

2.7 Aquaman vs soldados de elite (os vermelhos) de Atlântida

2.8 Aquaman vs Orm I

2.9 Perseguição de veículos submarinos – Orm e Atlântida vs Aquaman e Mera

2.10 Orm e pai de Mera vs Rei dos Pescadores

2.11 Luta e Perseguição Arraia Negra e soldados vs Aquaman e Mera

2.12 Aquaman vs Kerathen (dá para considerar uma luta aquilo!?)

2.13 – Exército de Orm vs Exército Vermelho (Saumosos, Salumosos, algo assim)

2.14 – Aquaman e Kerathen vs Exército de Orm

2.15 – Aquaman vs Orm II

De todas essas, poucas trabalham com planos abertos. Quase todas usaram planos fechados para esconder a necessidade de uma coreografia mais intensa e trabalhada.

Destaque para as cenas (2.1), (2.7), (2.10) e (2.12).

Esperava bem mais de (2.11) , (2.13) e (2.14), e apenas mais nas demais cenas.

Pense, por exemplo, no filme Tróia, de 2004. A cena de luta entre Hector e Aquiles, feita quase 15 anos antes, é muito melhor coreografada que a luta final do filme de 2018, cheio de efeitos especiais.

4) Incoerências

Agora tanto o Aquaman quanto a Mera possuem a resistência do Superman? Pular do avião e dar com a cara na areia e levantarem como se fossem iguais ao Superman pareceu bem forçado para meus olhos. Entendo que usar pára-quedas poderia acrescentar vulnerabilidade aos heróis, mas essa parte foi muito Indiana Jones com Missão Impossível. Não condiz com a realidade do universo DC no HQ, nas animações e nem nos filmes até então. Aquaman não tem o corpo resistente a uma saraivada de balas, muito menos a uma queda de avião.

O rei Orm vai visitar o rei dos pescadores com o tridente escondido atrás da cabeça dele, mas totalmente visível. Então, faz desaforos verbais ao rei dos pescadores, o qual decide não apoiar Orm. Em seguida, Orm mata-o na frente da sua filha. O pai de Mera ajuda a aniquilar a guarda real. Eles quiserem explicar que eles são um reino arcaico e de pensadores, mas precisam e querem o exército deles (?). O mesmo exército que tem só 3 soldadinhos de araque como guarda real na sala do rei. Razoável?

Conclusão sobre Aquaman 2018

O filme Aquaman 2018 tem fortes similaridades com outro sucesso, o Pantera Negra, também de 2018.

Ambos são filmes que encantam pela fotografia e riqueza de detalhes nas criações feitas por computação gráfica.

Da mesma forma que a Marvel criou aquele universo de Wakanda, cheio de inspirações na cultura africana, o filme da DC criou uma enorme fantasia no mundo submerso de Atlântida.

Porém, sinto que o bem-estar de ver um personagem disruptivo em cenas clássicas não caiu tão bem em mim. Eu gostei, mas só a criação de um herói mais moderno com muita ação e computação gráfica não me convenceu para ser um dos melhores filmes da DC.

Pantera Negra é melhor, pois não peca nesses itens que listei como pontos baixos e adiciona muitos elementos positivos sobre a receita atual de filmes de ação com heróis que atingem sucesso.

É claro que vale a pena ver no cinema, mas não vá esperando o melhor filme da DC. Não espere surpresas. Para mim, o filme está muito mais para figurar em uma lista top 10 do que em uma top 5 da DC (atrás com certeza da trilogia da Batman com Christian Bale, Mulher Maravilha, Homem de Aço 2013 e Liga da Justiça 1 e 2).

 

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Sobre o Autor

Leandro Pinho Monteiro

Leandro Pinho é engenheiro de computação, graduado em Ciência da Computação na Universidade Estadual de Maringá (UEM) e mestre em Engenharia da Computação na Faculdade de Engenharia Elétrica e Computação (FEEC) da UNICAMP, ambas formações com foco em Computação Gráfica. Possui experiência no desenvolvimento de sistemas interativos 3D para pontos de venda, marketing e eventos. Atualmente trabalha como consultor de tecnologia e é o responsável pela coordenação dos cursos oferecidos na Universidade da Tecnologia.